domingo, 23 de outubro de 2011

Olhar

É como se minha visão ficasse toda concentrada no ponto do meu terceiro olho, no centro entre as duas sobrancelhas crio uma tensão por visualizar pensando. O que me faz pensar, de fato, que tenho uma visão associada ao pensamento e um tanto quanto condicionada pela minha racionalização do que vejo.
Percebi a necessidade da fisicalização do meu olhar, da minha visão, para que ela possa estar sendo comandada por meus dois olhos, duas lentes que possuem essa função específica.
Fisicalizando esse olhar percebo que suavizo essa tensão facial e me relaciono com as imagens que são criadas em mim/para mim com menos julgamento, preconceitos e menos bloqueios ao que possa vir.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Segue o Fluxo

O fluxo é uma praia lotada. Muito sol como fonte de energia, muitos vendedores ambulantes propondo jogo, rodas de "altim" ao fundo fazem a bola transformar os corpos, uma explosão de cores, um burburinho, um cheiro de sei lá o que, a brisa e o ardor na pele, tudo ao mesmo tempo.
São tubos de conexões possíveis de interação, água está lá pra ser mergulhada , mas pra eu chegar até o mergulho é preciso ação: Apoio com as mãos no braço da cadeira, meu tronco se inclina para a frente, meus pés afundam na areia, disoponibilizo uma força que me faz levantar, levanto. Driblo uma barraca, pulo uma canga, olho para um bumbum, olho para outro e outro, tenho a sensação de estar vivo, atrevesso a linha sinuosa da cadeira até a areia úmida, as ondas já batem na altura do meu tornozelo, me abaixo e molho as mãos, me benzo ou não. Vou ao mar.
Posso correr com toda minha explosão e dar um salto por cima da primeira onda, posso parar e ficar olhando, posso interagir com o que for, o fluxo é que me move.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ação própria

Vou te chamar de meu Ator, assim com letra maiúscula que é pra já criarmos intimidade.
Vou chamar de meu Ator essa voz que vai me ditando enquanto escrevo
Tocarei com as mãos o meu Ator quando esse toque for movido por um fluxo até então desconhecido, se me provoca sensação efêmera sim, foi um toque, fui tocado.
Falarei ao meu Ator quando puder ser claro em qualquer tom, quando puder gritar suave ou sussurrar o ensurdecedor. Só falarei ao meu Ator quando me fizer ouvir e sendo assim até cantarei.
Ouvirei de meu Ator quando meu Ego se trasbordar e minha humildade falsificar por entre os cordeiros da crítica. Liberto das prisões da perfeição meus erros mais grotescos. Peço perdão ao meu Ator.
Quando sentir-se com frio, meu Ator cuidará para que esquente seu corpo por inteiro, não colocará apenas luvas nas mãos e meias nos pés. Jorrará um fluxo de energia fogo tão intenso que poderá derretar as calotas coronárias dos polos insensibilizados.
Quando meu Ator tiver prazer será sempre transcendental, uma cena acontecendo no tempo espaço do sim e do não, um paralelismo Apolíneo Dionisíaco.
Será então incoscientemente consciente psicofísico, o meu Ator é própria ação.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Já não dá mais para jogar inconsciente, tenho que rasgar-me a casca grossa e possibilitar um contato em uma superfície devinda.
Com antecedente ser agido, utilizando minha criação em busca de um objetivo.
Com as minhas palavras conseguir dizer que estou sentindo agora: um peso do fardo nos ombros, as pontas das orelhas se esquentam e o ouvido no silêncio atrevessado, imposto, barulhento.
Vazio